segunda-feira, 13 de maio de 2013

Versos, quase uma prosa, sobre a abolição



Eu não vi a princesa no 13 de maio de 1888




    Eu não vi a princesa no 13 de maio de 1888
    Eu acordei cedo, muito antes das oito,
    Mas não houve jeito de ver a princesa
    Naquela festejada tarde de 88.

    Mal rompia a alvorada e estávamos todos de pé
    Partimos da Escola da Cancela, eu e os malungos,
    Com flores e saudades todos juntos,
    A saudar Ferreira de Menezes no Francisco Xavier.

    Na volta, a cidade era só animação, com o sol a estourar
    Ao Paço Imperial dirigira-se Isabel, a princesa
    Ao piano, Dona Cacilda de Souza e seus acordes de inegável beleza
    Enquanto Vasques maquinava alguma coisa para no palco encenar.

    Rebouças, Patrocínio e Vicente de Souza, eu bem sabia que estavam lá
    Mas também havia muita gente com quem confraternizar pelas bandas de cá
    Tipógrafos, cocheiros, artistas, quitandeiras, todo o pessoal que se pôs a lutar
    Aquele foi um dia tão nosso que até o Caramujo de Assis resolveu participar.

    É por isso que quando me perguntam:
    “Você viu a princesa em 1888?”
    Eu logo respondo:
    Que nada! Deixa isso pra lá!


    Eu bem sei que não levo jeito para a poesia, mas hoje me deu vontade de experimentar. Então, para rebater meus versinhos, leia a crônica de Machado de Assis de 14 de maio de 1893.

http://blogueirasnegras.wordpress.com/2013/05/06/blogagem-coletiva-125-anos-de-abolicao/



Um comentário:

  1. Ana

    Muito boa a sua humildade, afinal, fizeste um poema com rima e métrica e não sabe? Sei, quando souber, então, será prêmio revelação.
    Sigamos porque hoje 125 anos depois e um dia a ausência de políticas de integração em 1888, não permitem que fique no deleite das boas coisas da vida e siga na labuta no canaviais e senzalas transfigurados, mas tanto quanto, opressores.

    ResponderExcluir