terça-feira, 23 de julho de 2013

Uma carta de amor aberta para o meu filho

Uma carta de amor aberta para o meu filho: sobre luto, amor e maternidade negra
Por Christen Smith
Tradução de Viviane Santiago da Silva

Criar e educar crianças negras – de sexo masculino e feminino – na boca de um dragão racista, sexista e suicida é perigoso e incerto. Se eles/as não podem amar e resistir ao mesmo tempo, eles/as provavelmente não sobreviverão. E em ordem de sobreviver eles devem se desprender/liberar. Isto é o que mães ensinam – amor, sobrevivência… (Audre Lorde, “Man Child” in Sister Outsider, 1984).

Quando eu estava grávida de você, eu tinha certeza de que você era uma menina. Mesmo quando um/a sábio/a atrás do/a outro/a olhava diretamente para a minha barriga enorme e redonda, balançava a cabeça e me dizia: “Não, isso é um menino”, eu não acreditava neles. Eu não poderia me imaginar tendo um menino. Menininhos nunca foram uma parte das minhas fantasias de maternidade. Eu sempre me imaginei como mãe de menina. Uma menina para ser exata: exatamente como minha mãe, a mãe da minha mãe e a maioria das minhas tias. Então, quando seu pai e eu fomos fazer nosso ultrassom de cinco meses de gravidez para descobrir o seu sexo e ter certeza de que você estava bem, eu estava numa jornada de confirmação e não de descoberta.

Eu deitei naquela conhecida mesa de falso couro do médico. Levantei minha camisa e esperei para que a geleia gelada fosse aplicada. Nós dois estávamos tontos de ansiedade. Nas nossas mentes, nós não nos importávamos se você era um menino ou uma menina. Era a excitação de atingir outro marco na gravidez que era eufórico. O médico começou a descrever seu batimento cardíaco, sinais vitais, contar dedos dos pés e das mãos, tudo enquanto nós observávamos você, nadando pacificamente, na tela de projeção. Já treinado na teatralização do processo, o médico esperou até o finalzinho da consulta para perguntar se nós queríamos saber o seu sexo. Nós inspiramos e dissemos: “Sim”. Com olhos brilhantes da certeza de nosso entusiasmo, ele disse: “Tá vendo isso aqui, isso é um pênis, e ali está o escroto dele, você está gerando um menino!” Minha respiração parou momentaneamente e calafrios percorreram meu corpo. Eu forcei um sorriso. Eu já amava você profundamente, mas saber que você era um menino e não uma menina me paralizou de medo.

Quando estávamos saindo do consultório do médico, seu pai olhou para mim e perguntou: “Você está bem?”, como se ele soubesse que minha cabeça estava girando com as emoções que eu estava apenas começando a entender. Eu forcei um outro sorriso, respondi: “Sim, eu estou bem”, e fui ao banheiro para me recompor. Eu lavei meu rosto e tentei sair dessa sensação de vertigem que eu estava sentindo. Mas eu não podia afastar a dor surda de tristeza que eu sentia e não podia entende o porquê. A boa feminista em mim repreendia: “Sexo é uma construção social. Recomponha-se.” Mas a sensação fria permanecia. Quando eu estava saindo da clínica para a calçada ensolarada, a sensação fria se transformou em pânico. Envergonhada, eu tentei esconder isso de todo mundo: seu pai, seus avós e meus amigos. Eu não queria que ninguém soubesse que saber que você era um menino me deu uma sensação de pavor que eu não podia entender ou explicar. Eu comecei a fazer pequenos comentários para a nossa família que davam uma pista do meu sofrimento emocional. Eu poderia dizer coisas como: “Eu não tenho a menor idéia sobre o que fazer com um menino”, ou “Nós apenas não temos nenhum menino em nossa família”, mas minha mente não podia ou não permitia que eu colocasse em palavras o indizível terror que eu sentia.

Eu estava em estado de choque e demorou muito para que eu entendesse o porquê. Foi somente em fevereiro de 2012, depois que você nasceu, essa bela e extraordinária pessoa que você é, e já estava nesse mundo por quase um ano, que eu comecei a confrontar meu segredo vergonhoso. Esse foi o dia em que eu soube que Trayvon Martin tinha sido baleado e assassinado, e ouvi sobre as circunstâncias da morte dele. Quando eu ouvi essas notícias, eu sentei e chorei. Eu chorei por ele. Eu chorei pela família dele. Eu chorei pelas pessoas negras em todos os lugares. Mas, acima de tudo, eu chorei por você.

Eu, uma mãe negra de um menino negro, entendia e conhecia a dor que Sybrina Fulton (a mãe de Trayvon Martin) estava experienciando através de um intenso sentido de empatia diaspórica que atravessava/cruzava o tempo e o espaço. E eu estava petrificada pelo pensamento de perder você, ou ser mais uma mulher negra perdendo mais um filho negro. Novamente, outro assassinato de outra criança negra mal interpretado como um homicídio justificável me forçou a a confrontar o pânico secreto e tendencioso com relação ao gênero sobre maternidade negra que eu tinha carregado comigo desde que eu era uma criança. Por mais irracional que isso pareça, a descoberta de que você era um menino me fez sentir como se você estivesse recebendo uma sentença de morte. Eu sabia naquela época, como eu sei agora, que meninas negras também são desproporcionalmente impactadas pela violência policial, e eu também sabia, como JamilaAisha Brown observa, que essa realidade é invisível e silenciada. Nós nunca devemos esquecer Ayana Stanley-Jones, Reika Boyd, Malaika Brooks, Jaisha Akins e Frankie Perkins, mulheres negras assassinadas e imencionavelmente prejudicadas pela polícia, cujas vidas relembram a sempre tão frequente realidade de violência estatal contra as mulheres negras nos Estados Unidos. E a realidade da violência policial contra pessoas transgênero/a é literalmente inconcebível na nossa socieade, onipresente, mas invisível para a maioria dos que não são parte dessa comunidade.

Entendendo tudo isso, e reconhecendo as óbvias contradições inerentes ao meu medo, eu ainda não conseguia afastar o sentimento de tristeza e desamparo associados ao fato de trazer você a este mundo. Na minha mente traumatizada e irracional, maternar meninos negros era um luto iminente e a empatia que eu sentia por mulheres como Sybrina Fulton, Mammie Till e Laura Nelson tornou isso ainda mais nítido. Mas meus sentimentos não se originaram/nasceram apenas no/do silêncio hegemônico que blinda a real letalidade da supremacia heterrosexista e patriarcal contra mulheres negras e pessoas negras transgêneras. Eles também se originavam dos crus e dolorosos sentimentos de amor que eu tenho por você.

Silenciosamente e quase inconscientemente, por anos, eu tinha desenvolvido um senso de vida e amor que estava sendo moldado por minhas preocupacões com os assassinatos sem sentido de crianças negras que acontecem diariamente nos nossos dois lares: Os Estados Unidos e o Brasil. Entendendo, pesquisando e escrevendo sobre a morte negra, eu me vi paralisada com o medo da perda. Antes de eu me tornar a mãe, eu podia compartimentalizar aquele sentimento e distanciá-lo. Porém, depois que eu me tornei mãe, eu não podia mais distanciar as realidades de violência com as quais eu tinha começado a viver nos meus pensamentos e reflexões diárias. Mesmo quando você crescia no meu útero, eu incoscientemente comecei a tritutar estatísticas na minha mente, numa tentativa de criar um cenário que de algum modo pudesse fazer sua sobrevivência mais provável. Fundamentalmente, eu amava tanto você que eu não podia suportar a ideia de você possivelmente ser tomado de mim pelo “dragão suicida” que é o nosso mundo. Minha esperança de que você fosse uma menina era meu desespero em acreditar que, de algum modo, existiria uma maneira de bater as probabilidades do jogo de roleta russa que é a vida de pessoas negras nas Américas.

Depois de dedicar anos me posicionando pessoalmente e politicamente contra a violência policial (e seu parente próximo, o vigilantismo) contra pessoas negras nos Estados Unidos e no Brasil e traçando a genealogia da tortura e da morte da população negra a partir da escravidão no hemisfério americano até linchamentos, grupos de extermínio e policiamento nas duas nações, eu passei a aceitar que o mundo toma meninos negros de suas mães, frequentemente na frente dos olhos delas, sem nenhum motivo, sem razão, ao caso e ainda assim com uma intenção cruel.

Eu conheci as mães de Canabrava no I Encontro Popular pela Vida e um Outro Modelo de Segurança Pública em Salvador, Bahia, em 2009, após uma centena de policiais civis e militares do batalhão de operações especiais terem invadido o bairro delas e executado sumariamente cinco jovens homens daquela comunidade. Três dos jovens, Edmilson Ferreira dos Anjos (22), Rogério Ferreira (24) e Manoel Ferreira (23) eram irmãos. De acordo com a irmã deles, a polícia invadiu a casa deles, puxaram a mãe deles pra fora e atirou nos meninos enquanto eles estavam assistindo televisão, no sofá e dormindo no quarto. Eu conheci Debora Silva, das Mães de Maio, cujo filho foi uma das 493 pessoas que a polícia matou em São Paulo em 1996, em retaliação às revoltas do PCC. Eu conheci Deise, uma das milhares (sim, milhares) de mães negras cujos filhos foram assassinados pela polícia no Rio de Janeiro nos últimos dez anos, que teve que contratar um investigador particular para encontrar o corpo mutilado de seu filho após ele ter sido assassinado. Nos olhos delas, eu vi a morte em vida que acontece quando a alegria de sua vida é sugada pela supremacia branca. O mesmo olhar eu já tinha visto nos olhos de Sybrina Fulton, nos olhos de Mamie Till e nas fotos de mães, irmãs, filhas e parceiras, longe, nas sombras dos linchamentos nos Estados Unidos, esperando para recolher os restos mortais dos seus entes queridos. Eu lembrei da tia que você nunca conheceu, que perdeu seus meninos para a violência policial e a violência das ruas, mas que tinha mantido suas meninas. Porque eu conhecia mais mulheres negras que tinham sobrevivido à violência policial (mesmo que as suas vidas tenham se tornado uma morte em vida), eu ansiava que você fosse uma menina.

Desde que você nasceu, eu tenho lutado com o terror que eu senti naquele dia em que eu descobri que você era um menino e agora que seu irmãozinho está aqui, minha jornada para superar esse terror tem se tornado mais intensa. Ainda assim, lindamente, misticamente, você tem me ensinado a desmentir os meus medos e apenas amar você, reconhecendo o que Audre Lorde disse muitos anos atrás: “Se [você] não pode amar e resistir ao mesmo tempo, [você] provavelmente não sobreviverá… Para sobreviver, crianças negras na América, devem ser criados para ser guerreiros”(1984:74-75). Então, minha promessa a você é criar você como um guerreiro, porque essa é a única coisa que eu posso fazer. E entender que este é o meu jeito de amar você em cada passo do caminho. Cada dia que você vive e ama, sorri e gargalha, ri e chora, nos seus olhos brilhantes, você carrega a felicidade de Olorum; e eu sou relembrada de que você voltou para lutar mais um dia. Você e seu irmão não são meus, mas um dia vocês vão crescer e se tornar ferozes guerreiros por verdade e justiça.


Christen Smith é professora assistente dos Departamentos de Antropologia e Estudos da África e a Diáspora Africana na Universidade de Texas em Austin. Pesquisa a conexão entre raça, violência e performance nas Américas.


Texto originalmente publicado em The Feminist Wire.

sábado, 20 de julho de 2013

Movimento Negro 19.7.2013

Reunião do Movimento Negro com a 

Presidenta Dilma Rousseff


Brasília, Palácio do Planalto, sexta-feira, 19 de julho de 2013

Relato elaborado pela jornalista Sueide Kintê, 
com colaboração de Ana Flávia Magalhães Pinto




Após uma rodada de discussão pela manhã com a presença da ministra Luiza Bairros, da SEPPIR, e do Chefe da Assessoria Especial da Secretaria-Geral da Presidência da República, Diogo Sant’ana, os participantes listados no fim deste relato tiveram uma reunião com a presidenta Dilma Rousseff, iniciada às 15h.



Abertura: A presidenta Dilma dissertou sobre a contribuição dos negros na construção da nação Brasileira. Afirmou que as condições em que se deu a constituição do país contribuíram para a subjugação da população afrodescendente. Alertou que a história da população negra não está nas escolas, e que, até ela, só havia acessado informações sobre o legado de resistência dessa população em seu curso de pós-graduação. Ressaltou que tal realidade é inadmiscível.

Em seguida, fez um panorama do avanço das políticas públicas para população negra no Brasil nos últimos dez anos. Disse que considerava um avanço importante o reconhecimento das terras quilombolas no início da gestão do presidente Lula, e que essas eram comunidades tão invisíveis para o governo que a metodologia inicial de mapeá-las teve de se valer do programa Luz para todos, pois, entre a maioria dos territórios onde faltavam serviços de atenção básica como saneamento e energia elétrica, estavam os quilombos.



A presidenta falou ainda que considerava um avanço a instituição de cotas raciais nas universidades federais, a realização das conferências de promoção de igualdade racial, as políticas de transferência de renda que têm beneficiado as populações pobre e negra, e, por fim, falou dos cinco pactos do governo federal: 1. Responsabilidade fiscal, 2. Plebiscito/Reforma política, 3. Saúde, 4. Mobilidade e 5. Educação. Quanto a isso, pediu o apoio das entidades negras ali presentes no sentido de contribuir para o fortalecimento da agenda em nível nacional.


Mais uma vez saudou os presentes e passou a palavra para nossos representantes.


Primeira Intervenção nossa: O primeiro a falar foi Edson Santos, diretor da Unegro, organização que tem cadeira no CNPIR. Ele discorreu sobre a reforma política, disse que a organização da qual faz parte realizou em 2012 uma pesquisa nas câmaras de vereadores, de deputados e no senado brasileiro para fazer um mapeamento da presença de parlamentares negros e que o resultado da pesquisa foi alarmante, por constatar a baixíssima representação desse segmento populacional nesses espaços do Legislativo. Pontuou com a Presidenta Dilma que não seria possível fazer reforma política sem assegurar condições equânimes de participação da população negra.


Segunda Intervenção nossa: A segunda pessoa a falar foi Flavio Jorge, da Conen, organização que também tem assento no CNPIR, que fez um apanhado das questões que tínhamos elencado na carta protocolada à presidência e discorreu sobre a importância das questões assinaladas. Deu um panorama da atuação das organizações de movimento negro no brasil, e ressaltou a importância dessas no processo de conquista de direitos. Pontuou a importância daquele encontro não se encerrar ali e pediu que a presidenta Dilma comprometesse os ministros encaminhando nossas solicitações, uma a uma, para cada pasta citada.


Terceira Intervenção nossa: O terceiro a falar foi o conselheiro do CNPIR pela Coordenação Nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Arilson Ventura, que leu um manifesto onde dizia que, enquanto o poder público tinha mapeado cerca de três mil comunidades quilombolas, nós já sabíamos da existência de números que extrapolavam mais do que o dobro do relatado. Afirmou novamente que os serviços básicos de infraestrutura não passam por esses territórios, conclamou a presidenta a se posicionar no que diz respeito a briga contra os latifundiários e fez denúncias da violência cometida pelo próprio Estado em situações de conflito com estas comunidades.


Quarta Intervenção nossa: A quarta pessoa a falar foi a conselheira do CNPIR Kika (Valkiria Souza) pelo Centro de Africanidade e Resistência Afro-brasileira (CENARAB) , que defendeu o Estado laico, falou das inúmeras violências sofridas pelo povo de santo, criticou o fortalecimento das igrejas neopentecostais por meio do Estado, falou da vulnerabilidade da mulher negra no  âmbito social e pontuou que este é o grupo mais acometido por violências no país. Denunciou que o genocídio da juventude negra, na medida em que ceifa a vida dos homens jovens, atinge a organização da vida de muitas outras mulheres, mães,  filhas, avós, esposas, namoradas, vítimas indiretas desses crimes. Por fim, apresentou todas as mulheres que estavam no recinto e fez questão de afirmar a autonomia e o protagonismo das mulheres negras nos processos de lutas históricas do país.


Quinta Intervenção nossa: A quinta pessoa a falar foi o conselheiro Clédisson Geraldo dos Santos Júnior, do Coletivo Nacional de Juventude Negra - Enegrecer,  que fez um panorama da participação dos jovens negros na construção da democracia do país. Discorreu sobre as brechas do programa Juventude Viva, denunciou o auto de resistência, apelou para que a presidência se pronunciasse contra a redução da maior idade penal e defendeu a desmilitarização da polícia.


Sexta Intervenção nossa: A sexta pessoa a falar foi Ana Flávia Magalhães Pinto, integrante do Coletivo Pretas Candagas e da Campanha A Cor da Marcha, que discorreu sobre Comunicação, Educação e Saúde. Saudou a memória de todas as pessoas negras que historicamente lutaram, as que atualmente lutam e as virão para fortalecer o combate à desigualdade racial no Brasil e no Mundo. Apresentou a carta protocolada na Presidência e defendeu mais uma vez a importância do encaminhamento das solicitações ali registradas. Denunciou o apagamento dos sujeitos históricos negros na luta por cidadania, desde o período da Indepenência. Defendeu a criação de uma lei de mídia democrática, de modo a fortalecer a agenda de democratização da comunicação e a garantia de acesso e participação da população negra nos meios de comunicação. No item Educação, defendeu a criação cotas em programas de bolsas para estudantes negros na graduação e na pós-graduacao; o estabelecimento de uma ação afirmativa pelo fortalecimento da inserção de estudantes negros no Programa Ciências sem Fronteiras. Alertou para a urgência de uma ação no MEC voltada para o mapeamento e a divulgação das recentes pesquisas que tratam das formas de resistência negra no período escravista e no pós-abolição.  Defendeu o real fortalecimento institucional da implementação da Lei n. 10.639. Quanto à Saúde, alertou para importância estratégica de fortalecimento institucional da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, na medida em que 70% dos usuários do SUS são negros. As tentativas de desmantelamento do SUS, portanto, devem ser enfrentadas como uma das mais ferozes demonstrações de Racismo Institucional. Por fim, reafirmou a urgência da regularização e fortalecimento dos programas de proteção a testemunhas e dos programas nacionais de defensores/as de direitos humanos.


Outras Intervenções:
* Ivanir dos Santos (CEAP) falou do descaso do Estado com as religiões de matrizes africana e  criticou a atenção que dada às igrejas evangélicas. Convidou a presidenta Dilma a estar, pelo menos no café da manhã que antecede a 6ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, que ocorrerá no Rio de Janeiro no dia 8 de setembro.


* Frei Davi (EDUCAFRO) reclamou da ausência de cotas nos serviços públicos e pediu a ampliação das cotas para os cursos de medicina e direito.

Depois dessas falas a palavra retornou para a presidente Dilma que assumiu que todas as denúncias feitas pelo grupo eram pertinentes. A presidenta pontuou que, apesar dos avanços o Brasil ainda é um país racista incapaz de dar a resposta que a população negra precisa. Disse que esse governo deu os primeiros passos, mas que ainda há muito o que se fazer.


Encaminhou as demandas específicas para os ministros presentes Gilberto Carvalho (Secretário Geral  da Presidência da República) e Aloízio Mercadante (Ministro da Educação), afora a ministra Luiza Bairros, da SEPPIR. Falou do estado de alerta que ficou quando teve acesso aos dados de violência no Brasil e encaminhou para que a ministra Luiza Bairros estabelecesse em articulação com a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, um fórum permanente de combate ao genocídio da juventude negra. Se colocou contra a redução da maior idade penal e relatou que, em conversa com o presidente do STF, pontuou que essa proposta visa a atingir e criminalizar pobre e negros. Também manifestou discordância em relação à aprovação da PEC 215, uma vez que se trataria de uma medida inconstitucional.


Falou que aceitava o convite de ir até a caminhada do povo de santo do Rio de Janeiro e pediu ao ministro Gilberto que priorisasse o evento na sua agenda. Falou que vai encaminhar com qualidade o decreto da Seppir instituindo cotas nos serviços públicos. Agradeceu a presença de todas/os se despediu passando a palavra para o ministro Mercadante para que ele desse um retorno sobre os demais pontos.


Aloízio Mercadante: Expôs uma série dados estatísticos e de ações que o MEC tem desenvolvido quanto à Lei 10.639 e à inclusão de estudantes negros no ensino superior; e marcou uma reunião setorial prevista para a próxima sexta-feira, com o objetivo de debater as questões levantadas na reunião.


Gilberto Carvalho: Sinalizou para a abertura da Secretaria Geral para agendar as reuniões com os outros Ministérios citados na carta, além dos Ministérios do Meio Ambiente e  do Planejamento.

Estiveram na reunião:

  1. Ana Flávia Magalhães Pinto - Coletivo Pretas Candangas / Campanha A Cor da Marcha
  2. Angela Maria da Silva Gomes - CNPIR
  3. Arilson Ventura - CONAQ / CNPIR
  4. Cida Abreu - Secretaria Nacional de Combate ao Racismo do PT
  5. Cledisson Geraldo dos Santos Júnior - ENEGRECER / CNPIR
  6. Edson França - UNEGRO / organização com assento no CNPIR
  7. Estela Maris Cardoso - Fórum de Mulheres Negras / CNPIR
  8. Flávio Jorge - CONEN / organização com assento no CNPIR
  9. Frei David - EDUCAFRO / CNPIR
  10. Helcias Roberto Paulino Pereira - APNs
  11. Ivanir dos Santos - CEAP / organização com assento no CNPIR
  12. João Carlos Borges Martins - ANCEABRA
  13. José Vicente - Faculdade Zumbi dos Palmares
  14. Marcos Rezende - CEN
  15. Maria da Conceição Lopes Fontoura - Maria Mulher / AMNB / CNPIR
  16. Paulino de Jesus Cardoso - ABPN / CNPIR
  17. Sueide Kintê - Instituto Flores de Dan / Articulação Mulheres & Mídias Bahia
  18. Valdecir Pedreira do Nascimento - Instituto Odara / CNPIR
  19. Valkiria de Sousa Silva - CENARAB / CNPIR

terça-feira, 2 de julho de 2013

Marcus Bookstore

A mais antiga livraria negra existente nos EUA corre o risco de fechar

Por mais de 50 anos, Marcus Books tem servido como uma biblioteca e um centro cultural 






No contexto de um processo racista de gentrificação, um dos lugares mais mágicos em que já estive corre o risco de fechar suas portas. A  família Johnson mantém a livraria Marcus Books há três gerações e caminha para a quarta. 



A fim de dar uma contribuição para a luta pela permanência da livraria naquele que já foi um dos maiores bairros negros dos EUA, traduzi a petição e peço para que quem se solidarizar assine também. 


"Marcus Books é a mais antiga livraria de propriedade negra no município. Ela está localizada na Fillmore Street, em São Francisco desde 1981. A livraria atualmente enfrenta ameaça de despejo.

Depois de um empréstimo predatório, a livraria de San Francisco estava sob ameaça de encerramento. O edifício foi vendido no tribunal de falências para os investidores imobiliários Nishan e Suhaila Sweis, que possuem uma empresa de táxi e são especializados em encontrar imóveis em dificuldades para aproveitar oportunidades de investimentos.

Westside Community Services, uma agência estabelecida no Western Addition, que tem parceria com a Marcus Books para prestar serviços durante muitos anos, ofereceu-se para recomprar o imóvel da família Sweis, a fim de manter a livraria em seu local atual. “Fizemos uma boa oferta, acima do preço de compra”, disse Mary Ann Jones, Diretora Executiva da Westside. “Esperamos que os Sweis aceitem e que entendam o que uma perda incomensurável seria a saída forçada Marcus Books daquele lugar."

Marcus Books já recebeu milhares de personalidades como Oprah Winfrey, Patti Labelle, James Baldwin, BB King, Rosa Parks, Toni Morrison, e Malcolm X. Antes de Marcus Books, a loja era do Jimbo Bop City, um clube de jazz que recebeu grandes nomes musicais e é em grande parte responsável pela Fillmore Street ser chamada de “Harlem do Oeste”.

Estamos pedindo a família Sweis para preservar este legado com a venda do imóvel para Westside Serviços Comunitários."

O site da Marcus Books: http://www.marcusbookstores.com/